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Foto do escritorPaulo Fabre

Across the universe

@Paulo Fabre - Arquivo pessoal

Cada artista transforma um elemento diferente em algo que o transcende. Assim, a escultura se faz a partir da argila, a literatura a partir da escrita, a pintura a partir das tintas, a música a partir do som, a dança a partir do corpo…

Fotografar faz-se a partir da luz (foto: luz; grafar: escrever) e quem fotografa tem como atividade encontrar a maneira que lhe parecer melhor de colocá-la dentro do retângulo da câmera, compondo, junto com formas, sombras e outros elementos, uma fotografia.

Fato curioso, diferente da argila, da tinta, do grafite, do corpo ou até mesmo do pixel, a luz é dentre estes elementos o único que não se encontra na Terra. Ela chega até nós após percorrer 150 milhões de quilômetros pelo espaço (me vem à mente Across the Universe, dos Beatles). Então, nós fotógrafos, exceto quando fotografamos com luzes artificiais, usamos uma matéria prima extraterrestre, disponível em abundância e alheia a todo acontecimento, crise, clima, catástrofe, caos ou glória terrena, que viaja a constantes 300mil m/s cantarolando quem sabe, “Nothing's gonna change my world”.

Para além desta radiação solar, aprendemos a enxergar outros tipos de luz ao nosso redor, passagens para outros mundos. A luz dos olhos, portais para universos individuais que se encontram num todo ainda desconhecido e não explicado. Demorando ainda na música dos Beatles ressoa “Amor eterno e sem limites que brilha ao meu redor como um milhão de sóis” e me deixo preencher por uma luz universal que molda um caminho íntimo de acolhimento e afirmação desta breve e efêmera vida.


"Jai guru deva, OM”


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