Semanas atrás* foi meu aniversário**, data que passou a significar uma pausa para contemplar o ano deixado para trás e mirar o da frente. Fui para a montanha, travessia do pico do Itaguaré ao Pico dos Marins, na Serra da Mantiqueira, celebrar da travessia dos 45 para os 46.
Subidas, descidas, abismos, mata fechada, campos de altitude, 3 dias de imersão. Aprendi uma coisa interessante atravessando campos de capim-elefante com quase 2m de altura: quando passamos muito rápido por eles com mais força as folhas batem de volta na cara. A metáfora serve pra vida, nos ensinando a procurar atravessa-la com mais suavidade possível.
Mas há quem prefira passar correndo pelas montanhas (e pela vida), quebrar recordes, vencer corridas, competir. Prefiro passar leve e com presença, levando nada mais do que a alegria profunda de dormir no meio delas, sentir o vento frio e cru mostrar o quão vivo estou. De novo, o aprendizado serve pra vida.
CALMA, foi a palavra que escolhi para atravessar 2023. “Calma, deixe que o beijo dure / deixe que o tempo cure / deixe que a alma tenha a idade do céu” Ou a idade das montanhas, por que não.
À noite, aninhado no saco de dormir debaixo de milhões de estrelas, um sono profundo me fez acreditar ser eu mesmo a montanha e, em estado de hiper consciência, afirmar pra mim mesmo: “Estou aqui e agora!”
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